terça-feira, 27 de novembro de 2007

O incontestável
paz na alma – 1º de outubro de 2006 – 1 hora da manhã

foto: Pablo Fabián - 1974

Dear Lady Jane
Acabei de te deixar em casa materna e retornar para este sobrado, ora aconchegante, ora instigante, ora assombrado.
Como sempre, transitas em minha mente com toda a liberdade.
O cheiro constante de tua presença, em mim, faz com que as dores que suportamos se dissipem e ocupem o pequeno espaço que a elas é destinado.
Foi um lindo fim-de-semana. Daqueles que sabemos curtir.
No fogo cruzado dos trabalhos, encontramos um equilíbrio que
nos desiguala dos demais, nos faz cada vez mais ímpares e, dessa forma, cada vez mais unidos.
Essa união que incomoda e emociona que nos permite, apaixonadamente, viver sem diferenciar, ódios e extases. Viver desconfortavelmente um amor sublime que nos desafia a entendê-lo.
Engasgados em nossos filtros paradigmáticos, tentamos inutilmente fazer-nos caber em modelos preconcebidos. Nossas mascaras libertárias são descortinadas, desestruturadamente, por pequenos “inimigos” sombrios que nos ameçam com ciúmes infantís e sonhos cinderelescos.
Que maravilhosos somos, que ridículos.
Que linda essa oportunidade que nos foi dada.
Que grato sou, por te ter em meu caminho.
Te ver em mim em cada gesto, em cada rusga, na defesa inconcebível de discursos sem nexo. Penso que não nos consumamos, unicamente, pelo medo que temos de que isso aconteça.
Sabemos que isso mudará radicalmente nossas vidas, nossos planos, além de destruir para sempre velhos padrões que usamos como muletas.
Hoje, pela primeira vez tive medo do tempo por achar que o estivessemos perdendo. Porém, percebí que estamos mergulhados numa relação que não para de acontecer. Talvés mais instigante e intensa do que qualquer outra que tenhamos tido. Por mais que subverta nossos planos, provoque inquietudes e nos faça querer mante-la escondida dos demais, ela se sobrepõe e ocupa, plena, os espaços que permitimos.
As vezes transborda.
Obrigado por tudo.
Um beijo na alma.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Rusgas de um só dia
gunga-din-don-doca – de 1990


foto: Pablo Fabián – arte: Roberto Fabián - 1975

Deus distante de um povo exuberante e guerreiro
Ricos
Miseráveis de um luxo efêmero e nauseabundo
Marimbondo
Ladrão milenar
Filho pródigo de um deus solteiro

Sapateiro ou engraxate

Da reza ao texto
do texto à reza – 18 de junho de 1998


foto: Pablo Fabián - 1975

A respeito deste texto
Muito sei do que mereço
Sem desrespeito à regra
Me supero pelo avesso
Me atrevo com respeito
Dou noticia, faço prece
Rezo com ces, com cedilhas
Ponho esse, duplo esse
Ponho letra
Faço prece
Ouço isso como um canto
Santo tango gregoriano
Vivo num tempo cigano
Onde o presente é passado
De adjetivados sujeitos
Comungam, indiretos, substantivos
Relutantes prefácios e pleonasmos viciosos
Sou repleto quando rezo.

domingo, 11 de novembro de 2007

Deuses e demônios
...sob o pó das estrelas... – 1987


foto: Pablo Fabián - 1979

Nos recantos cansados, estes
Onde repousam deuses-demônios
Existe, num deles, caído
Escondido sob o pó das tristezas
Um objeto de ouro brilhante
Encravado de esperanças
Colhidas do chão em caminhos
Onde os que foram, não voltaram.
Encontre essa jóia preciosa
E liberte seus deuses-demônios
Antes que eles te levem
A perder as esperanças
E partir sem consciência
Por esses caminhos tão claros
Que levam a terras escuras.

sábado, 10 de novembro de 2007

Retreta
invitación – 14 de dezembro de 2003


foto: Pablo Fabián - 1977

Rumbo romano, radiano extendido
Siglo cortado, sangrado, sufrido

Pido cuidado y sigo perdido
Soy capataz hermano alarido

Tacho rechazo remiendo el costado
Quemada paleta de asado venado
Luces de tierra, luces de mar
Días de suerte, días de azar

Quiero serpientes de muchos colores
Son mis zapatos rotundos amores
Vuelven sonrisas de muchos dolores
Sueña un recuerdo de todos sabores

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Santo Cotidiano
segunda semana
– 13 de janeiro de 1988

foto: Pablo Fabián - 1991

Atividade, esta, neurótica.
Santo cotidiano,
Demência plena de cegueira fosca
,
Rumos obscuros de manutenção de um nada,

Nada, este, cheio de loucura.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Chorei de rir

gastura – 1980

foto: Pablo Fabián - 1997

Chorei de tanto rir
Rir de me lembrar

Que ri pra não chorar

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Juntamos, jantamos e jogamos
day after – 02 de novembro de 2007

foto: Fernanda Fabián - 2006

Os núcleos reunidos
Juntos, diluídos
Em clãs vestidos
Soberbos estilos

Berinjelas recheadas
Cuscús Islâmico
Tomates, cogumelos
E vinho branco

Anfitriã morena de sorriso cansado
Tumulto alegre

Amor bandido

Silencio da noite
Sexo Sentido