paz na alma – 1º de outubro de 2006 – 1 hora da manhã
foto: Pablo Fabián - 1974
Dear Lady Jane
Acabei de te deixar em casa materna e retornar para este sobrado, ora aconchegante, ora instigante, ora assombrado.
Como sempre, transitas em minha mente com toda a liberdade.
O cheiro constante de tua presença, em mim, faz com que as dores que suportamos se dissipem e ocupem o pequeno espaço que a elas é destinado.
Foi um lindo fim-de-semana. Daqueles que sabemos curtir.
No fogo cruzado dos trabalhos, encontramos um equilíbrio que nos desiguala dos demais, nos faz cada vez mais ímpares e, dessa forma, cada vez mais unidos.
Essa união que incomoda e emociona que nos permite, apaixonadamente, viver sem diferenciar, ódios e extases. Viver desconfortavelmente um amor sublime que nos desafia a entendê-lo.
Engasgados em nossos filtros paradigmáticos, tentamos inutilmente fazer-nos caber em modelos preconcebidos. Nossas mascaras libertárias são descortinadas, desestruturadamente, por pequenos “inimigos” sombrios que nos ameçam com ciúmes infantís e sonhos cinderelescos.
Que maravilhosos somos, que ridículos.
Que linda essa oportunidade que nos foi dada.
Que grato sou, por te ter em meu caminho.
Te ver em mim em cada gesto, em cada rusga, na defesa inconcebível de discursos sem nexo. Penso que não nos consumamos, unicamente, pelo medo que temos de que isso aconteça.
Sabemos que isso mudará radicalmente nossas vidas, nossos planos, além de destruir para sempre velhos padrões que usamos como muletas.
Hoje, pela primeira vez tive medo do tempo por achar que o estivessemos perdendo. Porém, percebí que estamos mergulhados numa relação que não para de acontecer. Talvés mais instigante e intensa do que qualquer outra que tenhamos tido. Por mais que subverta nossos planos, provoque inquietudes e nos faça querer mante-la escondida dos demais, ela se sobrepõe e ocupa, plena, os espaços que permitimos.
As vezes transborda.
Obrigado por tudo.
Um beijo na alma.