terça-feira, 2 de outubro de 2007

Disbundísmo
ata de inauguração – 23 de abril de 2004

foto: Daniel de Andrade - 1992

Lavro assim esta ata
Faz-se assim constituído
Num “insight”, num movimento
O “Disbundísmo Difundido”

Tais fundamentos se perdem
No período reflexivo
Freqüentando pensamentos
Já nasci comprometido

Eram os anos cinqüenta
De inquietações e contrastes
Da tecnologia inquietante
Das lembranças do desastre

Comemoram-se lembranças
O fim do desordeiro
Um povo pulverizado
E o lobo como cordeiro

A teoria dos conjuntos
Matemática moderna
O pensamento filosófico
Naufraga na baderna

Pós-guerreiros degenerados
Em crise existencial
Buscam no cheiro das flores
O antídoto do mal

Tem-se assim da rebeldia
O indicativo da luz
Uns encontram o caminho

Outros vestiram o capuz

Perceber
conto da madrugada - julho de 1983

arte: Pedro Pires
foto original: Enrique Fabián

O dia estava nublado.
Isso, não era suficiente para que Nibaldo deixa-se de caçar borboletas.
Verônica olhava através da vidraça embaçada,
As luzes pareciam borboletas,

E Nibaldo nem se dava conta.

Marcas
macacos me mordam – 1982


foto: Daniel Vidor

Minha vida é marcada
Por uma busca cega e alucinada
Regada por obsessões e exageros
Possibilitando incursões
Pelos subterrâneos da mente
Onde percorro as mais intensas

E envolventes emoções

Juntos?
conto da noite - julho de 1983


foto: Eduardo Tavares

Jabuco balbuciava em cima de seu sorvete
Odete delirava, debruçada, sobre o livro
E Raimundo pairava sob o efeito de seu baseado.
A campainha soou! Gritou Odete.
Gritou Odete? Perguntou Raimundo.
Jabuco correu à porta e atendeu o carteiro que trazia uma mala.
Jabuco fechou a porta, guardou a mala e mergulhou, neurótico, em seu sorvete.