sábado, 6 de outubro de 2007

Santos de um cotidiano não preservado
referências fatais – 10 de maio de 2002

foto: Pablo Fabián - 1980

Na relutância branda de tu’alma espessa;
Nos mais profundos recônditos de tua formosura;
No repetir impertinente de tua doçura,
Vejo os reflexos opacos da dor que plantas;
Nas noites claras de tua loucura.

Serpente sinuosa de águas cristalinas;
Âmago consistente que sustenta o riso;
Retrato prolixo de uma amargura.

Sentada à beira da exuberante flora;
És fauna solitária no solidário clima;
Teus olhos fechados me privam;
Das mais ardentes tempestades.

Vem, brinda ao Sol tua existência;
Lava tu’alma na chuva fria;
Sorri;
E brinda o clímax.

Olha pra trás condescendente;
Vê as flores que pisaste;
Pede ao Pai que te ilumine;
E olha pra frente sem medo.

Cântico escondido que tens na alma;
Sonhos que negas acordada;
Despertar confuso que espedaça;
As memórias do que serás um dia.

Olha-te ao reflexo;
Aprecia a obra divina;
Vê que ao teu lado;
Estão a mulher e a menina.

Santa estrangeira sem cotidiano;
Mega estrutura de consciência escura;
Solta a menina;
Cospe a amargura.

Dança sozinha no claustro;
Vê que tens companhia;
Retoma a odisséia;
Do viver todo o dia.

Nada é excludente;
Tudo é harmonia;
O que tens na mente;
É sabedoria.