segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Nem muito, nem tão pouco
conto da tarde - julho de 1983


foto: Pablo Fabián

Leôncio mostrava a seu filho
Que a vida que tinham era bela.
Seu filho, Hipólito, porém retrucava
Exemplificava a sua pouca sorte
Leôncio mostrava a seu filho
Que a vida que tinham era bela.
Exemplificando que a sua pouca sorte,
Não era, assim, tão pouca.
Hipólito se indignava
E ao velho pai retrucava.
Leôncio mostrava-se tranqüilo e seguro.
Hipólito achava que ele mentia...

Leôncio tinha certeza.

Yo profeta
“insights”...la academia esta llena de idiotas... – 1989


foto: Pablo Fabián - 1995

Pongo mis ideas en la boca
De los santos, de los dioses,
Brujos
, sábios, pensadores,
Oráculos, príncipes y profetas.
Me creen,
No me discuten ni me culpan.

¿Al final, quien soy?


Virgo
espelho cigano – 1º de outubro de 2002


foto: Pablo Fabián - 1981

O sorriso de um virginiano é um elogio a inteligência de quem o faz rir.
Exigentes, e ora sectários, detestam a mediocridade e a falta de classe.
Timidez não é o sinônimo da exagerada, autocrítica e necessidade de ser excelente, perfeito.
Se me perdoas o uso chulo das palavras, "uma merda" de atitude, que provoca mergulhos internos de um martírio carrasco.
Céticos, ora frios e racionais, precisam atender a um padrão de certezas que, muitas vezes, inexiste e impede o ascenso da irreverência criativa.
Hippies de vitrine, de planejada displicência são capazes de passar horas despenteando, harmonicamente o cabelo.
Seres impares e invejados pela segurança que transmitem. Por mais que em mundos internos, o caos seja soberano.
Criticados e copiados, estruturam, sistematicamente, tudo por onde passam. Umas malas. Porém completas, organizadas e previdentes. Malas com varias alças, rodinhas bem lubrificadas e com cores que combinam com a meias ou a roupa íntima.
Deliciosos e desconfortáveis são elementos indispensáveis na construção da surpresa, do encanto e do cuidado com detalhes que fazem a diferença.

Örlij the King of Babalhür

msn – maio 2003


foto: Patrícia Fabián - 2005

Do reino de Babalhür, das profundezas de Tzür
Surge, horripilante, o Rei dos inconseqüentes.

Babalhür fica sempre mais pra lá,
Pra lá de logo ali.
Nunca passamos por ela
E nem ela fica aqui.

Tzür, já mais conhecido
É o vale dos esquecidos
Vale dizer se lembrado
Traz na lembrança um castigo

Do reino de Babalhür, das profundezas de Tzür
Canta, com dissonantes, o Rei dos incompreendidos.

Filho de Catz e Romilda Bittencourt
Sabe-se lá onde anda
Neste vale profundo
Aquele que ninguém manda.

Örlij se chama assim
E ninguém nunca o encarou
Dizem que quem o fez
De Tzür jamais voltou

Do reino de Babalhür, das profundezas de Tzür
Janta, come elefantes, o Rei dos intolerantes.