quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Na evidência do espaço, junto alguns retalhos na busca de algum sentido...


A caminho do céu
“insigth” – 1981

foto: Pablo Fabián - 1978

Todos vão pro céu.

A diferença é que uns sofrem mais que outros, para chegar lá.



Lavando a alma
histórias que me contaram uma vez ..... 18 de junho de 2002

arte: Pablo Fabián - 1972
Era uma vez, (na verdade seria uma vez num futuro distante) um grupo de estudantes, do ensino básico de Psico-cibernética Avançada, que se encontrava às vésperas da entrega de um trabalho para a Feira Anual de Conhecimento Integrado sob a pressão natural exercida pelos mestres dessa entidade.

Após questionarem e destruírem todas as idéias que apareceram para solucionar essa questão, surge a idéia de buscar em antigos escritos uma pista que viesse a ilumina-los. Um dele encontrou, em um sebo no nível 32 da cidade velha, uma publicação do ano 1230, da era cristã, sobre a materialização de demônios, entidades negras e elementais. Imediatamente os olhos dessa turma se transformaram em pura luz.

Iniciaram a coleta dos materiais necessários e partiram para a preparação de um trabalho que seria sem dúvida o grande show da feira.

A idéia era simples, bastava materializar o demônio e assim que ele aparecesse o anestesiariam e o exporiam na feira e ainda aproveitariam para estudá-lo.

Dito e feito, no dia da feira o circo estava armado, com as ervas reunidas as palavras invocadoras foram pronunciadas e no meio de um ruído ensurdecedor e uma fumaça fedorenta apareceu, ainda meio deslocado, uma figura dantesca, realmente horrível, asquerosa e muito fedorenta. O demônio foi imediatamente imobilizado e, para evitar que praticasse qualquer tipo de inconveniente, foi anestesiado com uma dose cavalar de uma droga infalível.

A feira foi um sucesso e eles alcançaram nota máxima, tendo seus nomes divulgados nos mais reconhecidos instrumentos científicos de divulgação.

Ao encontrar a publicação, a Dra. Marietta Schüllep engasgou-se com um gole de chá, apagou o baseado na manteiga e correu para o tele-trasportador.

Imediatamente encontrou-se com o grupo de jovens para ver de perto a façanha da materialização.

A Dra. Marietta Schüllep estava envolvida num projeto de recuperação da memória histórica das ciências ocultas do Século XI e casualmente estudava, como sendo uma fantasia, a materialização de entidades.

Associou-se ao grupo de jovens e convidaram o Dr. Pike Niki especialista em anatomias espectrais para analisar o corpo quimicamente latente.

O Dr. Pike Niki constatou um número sem fim de moléstias, ora atuantes ora encubadas que se manifestavam no estranho corpo em estudo.

O demônio estava lá, inerte, sedado.

O Dr. Pike Niki estava extasiado com o conjunto de "doenças", a maior parte delas extintas, que configuravam um resgate sem precedentes no campo das ciências da decrepitude.

Ao poucos, na medida que identificavam as moléstias, anulavam os efeitos maléficos com antídotos e vacinas.

Era impressionante a metamorfose resultante desses procedimentos, onde a expressão maldosa e sofrida desaparecia do semblante do demônio adormecido.

Foram várias semanas de trabalho.

No vigésimo quinto dia, conseguiram identificar a última moléstia desse ser das trevas, que de trevas já tinha muito pouco.

A pele do demônio estava clara, hidratada, saudável.

Seu rosto já esboçava um sorriso tranqüilo e seu coração manifestava uma harmoniosa melodia.

Ao eliminar a última doença, o ser acordou.

Espreguiçou-se longamente, sorriu docemente e de suas costas surgiram duas brancas e majestosas asas que combinavam com o róseo pálido de sua pele delicada.

Desejou sorte e saúde com os olhos e subiu aos céus como um anjo recuperado.

foto: Pablo Fabián - 1978