Na evidência do espaço, junto alguns retalhos na busca de algum sentido...
“insigth” – 1981
foto: Pablo Fabián - 1978
Todos vão pro céu.
A diferença é que uns sofrem mais que outros, para chegar lá.
Lavando a alma
histórias que me contaram uma vez ..... 18 de junho de 2002
Após questionarem e destruírem todas as idéias que apareceram para solucionar essa questão, surge a idéia de buscar em antigos escritos uma pista que viesse a ilumina-los. Um dele encontrou, em um sebo no nível 32 da cidade velha, uma publicação do ano 1230, da era cristã, sobre a materialização de demônios, entidades negras e elementais. Imediatamente os olhos dessa turma se transformaram em pura luz.
Iniciaram a coleta dos materiais necessários e partiram para a preparação de um trabalho que seria sem dúvida o grande show da feira.
A idéia era simples, bastava materializar o demônio e assim que ele aparecesse o anestesiariam e o exporiam na feira e ainda aproveitariam para estudá-lo.
Dito e feito, no dia da feira o circo estava armado, com as ervas reunidas as palavras invocadoras foram pronunciadas e no meio de um ruído ensurdecedor e uma fumaça fedorenta apareceu, ainda meio deslocado, uma figura dantesca, realmente horrível, asquerosa e muito fedorenta. O demônio foi imediatamente imobilizado e, para evitar que praticasse qualquer tipo de inconveniente, foi anestesiado com uma dose cavalar de uma droga infalível.
A feira foi um sucesso e eles alcançaram nota máxima, tendo seus nomes divulgados nos mais reconhecidos instrumentos científicos de divulgação.
Ao encontrar a publicação, a Dra. Marietta Schüllep engasgou-se com um gole de chá, apagou o baseado na manteiga e correu para o tele-trasportador.
Imediatamente encontrou-se com o grupo de jovens para ver de perto a façanha da materialização.
A Dra. Marietta Schüllep estava envolvida num projeto de recuperação da memória histórica das ciências ocultas do Século XI e casualmente estudava, como sendo uma fantasia, a materialização de entidades.
Associou-se ao grupo de jovens e convidaram o Dr. Pike Niki especialista em anatomias espectrais para analisar o corpo quimicamente latente.
O Dr. Pike Niki constatou um número sem fim de moléstias, ora atuantes ora encubadas que se manifestavam no estranho corpo em estudo.
O demônio estava lá, inerte, sedado.
O Dr. Pike Niki estava extasiado com o conjunto de "doenças", a maior parte delas extintas, que configuravam um resgate sem precedentes no campo das ciências da decrepitude.
Ao poucos, na medida que identificavam as moléstias, anulavam os efeitos maléficos com antídotos e vacinas.
Era impressionante a metamorfose resultante desses procedimentos, onde a expressão maldosa e sofrida desaparecia do semblante do demônio adormecido.
Foram várias semanas de trabalho.
No vigésimo quinto dia, conseguiram identificar a última moléstia desse ser das trevas, que de trevas já tinha muito pouco.
A pele do demônio estava clara, hidratada, saudável.
Seu rosto já esboçava um sorriso tranqüilo e seu coração manifestava uma harmoniosa melodia.
Ao eliminar a última doença, o ser acordou.
Espreguiçou-se longamente, sorriu docemente e de suas costas surgiram duas brancas e majestosas asas que combinavam com o róseo pálido de sua pele delicada.
Desejou sorte e saúde com os olhos e subiu aos céus como um anjo recuperado.
foto: Pablo Fabián - 1978