Uma Quadratura em París
da série: As aventuras inusitadas do Mulá Diguidín
Dia 25 de abril cheguei em Paris pela manhã, depois de uma viagem maravilhosa .. meu destino imediato era Barcelona (conexão Air France).
Com meu francês rudimentar e a boa vontade de alguns, descobri o que tinha que fazer e a direção que tomar.
Migração, passaporte, carimbos, meia dúzia de perguntas óbvias respondidas monossilabicamente.
Foi rápido e me sentia seguro, tranquilo. Charles De Gaulle é imenso mas tem lógica ..
Achei o caminho para o portão de embarque (nº 36) e fui para a esteira de Raio X.
Eu era o único passageiro .. três esteiras, dois funcionários por esteira e um (suposto) coordenador.
A funcionária da esteira me pediu o cartão de embarque e o passaporte.
Coloquei minha bagagem de mão na esteira (a de nº 2), seguida de uma bacia com meu casaco de couro - dobrado - sobre ele meus óculos (os escuros e os de longe - estavam no bolso da camisa) e meu iPhone.
A minha mala entrou e voltou.
A funcionária me perguntou se eu tinha computador.
Comuniquei que tinha um Tablet e equipamento fotográfico.
Pediu que eu tirasse da mala.
Coloquei numa outra bacia a maquina fotográfica, uma lente e o iPad.
Me encaminhei ao detetor de metais e ao passar apitou, voltei e a funcionaria pediu que eu tirasse o cinto.
Tirei o cinto e coloquei na bacia junto com a Máquina e o iPad - apitou mais uma vez, voltei e (por orientação da funcionária) tirei as botas .. não apitou (UFA), passei.
A funcionária me entregou o cartão de embarque e o passaporte.
Peguei as botas, a mala, as duas bacias cheias de coisas e sentei num banco - dentro da própria sala, ao lado da esteira - para me vestir.
Paramentado, comecei a colocar as coisas nos devidos bolsos e percebi a falta do celular.
Me dirigi - imediatamente - ao policial alfandegário que supostamente coordenava, denunciei a falta de meu iPhone 4 e solicitei que o procurassem.
Prontamente identificamos a esteira.
Tinha duas funcionarias, uma colocando as coisas na esteira e a outra olhando o monitor com as imagens do Raio X.
Quando a esteira foi identificada, a funcionaria do monitor, voltou as imagens, localizou a minha e de fato o celular estava lá (registrado) como eu havia descrito.
A outra funcionaria ficou estranha e disse que - então - eu o havia guardado ou perdido.
Pois bem, então vamos acha-lo - sugeri - passei novamente a minha mala e casaco pelo Raio X e nada, manuseei meus bolsos na frente do policial.
Pedi que me revistasse e ele não o fez.
Ficou me olhando com uma cara estranha ..
Ficou um clima tenso e tive a impressão que eles tinham ficado "de cara" com a funcionaria da esteira.
Aí o - dito - coordenador me disse que gostaria de me ajudar, mas não podia fazer nada, mas que eu podia fazer queixa na polícia.
Eu ri e falei pra ele: Monsieur, la police c'est toi-même ..
Ele constrangiu .. fez-se um longo silêncio e eu fiquei sem telefone.
Nesse momento eu vi que não ia resolver nada e meu vôo pra Barcelona saia em 15min.
Imagino que: Ou o cara ficou numa saia-justa, pois teria que revistar a colega ou criar um estado de revista coletiva, coisa que ele nem tinha poder, nem vontade de pegar essa bronca.
E se não desse pra provar nada? Ou seja .. o cara não ia me ajudar de fato.
Por outro lado, tinham visto minha passagem .. sabiam que eu estava na corrida.
Se foi complô ou ação isolada, pouco me importava naquele momento - levei um túfo na chegada.
Com certeza me abriu os olhos.
Bien Venue a París.
Depois, em Barcelona, soube que isso tem acontecido frequentemente no Charles De Gaulle.
Parece haver uma gangue organizada nesse sentido.
O interessante é que coincidia com uma quadratura de Júpiter com Urano que caracteriza algum tipo de prejuízo, um prejuízo tecnológico.
Eu sabia disso e estava atento, ligado .. mas não foi o suficiente.
Há 3 anos