Papai Noel existe
reflexão natalina - 24 de dezembro de 2008
Foto: Pablo Fabián - Auto retrato - 1975
Pela primeira vez na minha vida, paro pra fazer uma reflexão natalina.
Na realidade não senti, nunca, a necessidade de fazê-la.
Desde pequeno o Papai Noel Coca-Cola não convencia.
Era só uma festa com bônus de presentes, gentilezas, comidas gostosas e poucas regras.
Todos faziam um grande esforço para serem felizes e o resultado acabava sendo bom.
Por mais que Santa Cläus aparecesse travestido de garrafa de refrigerante, o resultado positivo nos fazia acreditar que "Deus escreve certo por linhas tortas".
Ou seja: (pensava) Papai Noel existe! - (de um jeito ou de outro).
O tempo de desacretidar nessa alegoria é por volta dos cinco anos de idade, mas eu acabei questionando aos meus cinqüenta e cinco.
A dúvida que me perturba é se eu parei de acreditar nele ou ele em mim.
Com o passar do tempo, o tempo passou.
Minha mãe, articuladora e provedora, aos seus 86 anos, mesmo sem jogar a toalha, precisa ser provida e está desarticulada. A noite de 24 de dezembro é, pra ela, mais uma noite que acaba às 20 horas. Isso a impossibilita de participar de uma atividade que, normalmente, se desenvolve noite a dentro.
Ou seja: alguém ficará com ela na noite dos dingo-béis.
Achei de bom tom, que seja eu.
Meu amado filho, parceiro e amigo se encontra numa jornada aventuresca em terras australiana (o que pra mim é fruto de admiração com uma pitada de tristeza - egoísta minha - por não poder - nesta noite - abraça-lo e presenteá-lo com uma bugiganga qualquer em torno de um esquizofrênico pinheiro nevado a mais de 30ºC).
Frente a essas circunstâncias entendi que o melhor para minha filha-parceirinha, é que passe as atividades natalinas com a mãe (e sua família) onde gozará com primos, avós, tios numa típica imagem festiva e confraternizadora.
Juro do fundo d'alma que isso ainda me revolve os sentidos. Mas é uma opção, ao meu entender, necessária.
Realmente decidir não é escolher, é abrir mão.
Dessa forma dou apoio a minha, super apoiadora, irmã fazer uma prolongação festiva junto à família de seu marido (amado e querido).
Meu irmão, em terras ibéricas, brindará com sua esposa e prole e tentaremos, como sempre fazemos nessas datas, telefonar-nos driblando as linhas congestionadas.
Este ano eu cheguei a duvidar da existência do bom velhinho.
Ao mesmo tempo, não paro de escutar um hô-hô-hô distante, que me sugere que estou ganhando de presente, algo que ninguém poderia me dar: A oportunidade divina de ser o guardião do sono daquela que fez de tudo pra que eu acreditasse.
Feliz Natal pra todos e se encontrarem o Papai Noel entrando pela chaminé, porta ou janela, acreditem que é a concretização do desejo que temos de viver em paz, com amor e harmonia.
Dia 25 almoçaremos em família.
Dingo-bel !
Há 3 anos
3 comentários:
bah... escorreu uma lágrima.
mas QUE reflexão hein...curti!
mas o que realmente me marcou foi "Realmente decidir não é escolher, é abrir mão."
que frase!
Allea jacta est, digo, a jaca foi lançada.
daniel
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