domingo, 25 de maio de 2008

Aurorecer
do clarear aos cantos escusos – 12 de maio de 2002

foto: Pablo Fabián - 2006

Vejo ganhos, vejo intrusos,
Nos projetos que proclamo,
Vejo custos, vejo enganos,
Nos momentos mais profundos.

Faço contas, conto os fundos,
Olho em volta e vejo o dia,
Me reporto ao passado,
Com profunda miopia.

Me aventuro em pensamentos,
Faço planos em segredo,
Reflito o cotidiano,
Com gosto amargo de medo.

Do horizonte o Sol me aquece,
Nesta visão matinal,
Hoje é manhã de Domingo,
E parece tudo igual.

Como crio a diferença?
Como construo um viver?
Talvez me falte paciência,
Ou eu não saiba morrer.

Busco força nas estrelas,
E tento me convencer,
Que olhando pela janela,
Não faço acontecer.

Oh, preguiça de vida,
Mas que medo de viver,
É como se vivendo,

Tivesse algo a perder.

O retrato está sem foco,
E a frase não tem fim,
Pra concluir esta estrofe,
Tem que vir algo de mim.

É silêncio e todos dormem,
Só o galo acordou,
Pra lembrar às pessoas,
Que a vida não acabou

Um comentário:

Anônimo disse...

A vida é feita de uma seqüencia de momentos.
A aurora é apenas um dos muitos instantes do dia.
Assim como os demais momentos, ela passa. Que bom que os momentos passam! Que pena que a bela aurora passa!
Quanto a importância, essa não é mais, nem menos importante.
Na verdade, é tão significativa quanto todos os outro momentos.
Assim, "aurorecer", consiste apenas, em começar a clarear os demais momentos a seguir.
É apenas um início.
Um início claro,...mais iluminado!
Cabe a cada um de nós mantermos a luz (interna) ao longo dos demais momentos do "dia".
As luzes do inicio do dia não só revelam aquelas nossas inevitáveis sombras, mas também trazem a luz propícia para revelar os reflexos contidos nos espelhos.
Como já dizia um autor desconhecido: "...Os outros são apenas espelhos da nossa própria imagem. Você não pode amar ou detestar alguma coisa em outra pessoa sem que isso reflita alguma coisa que você ama ou detesta em si mesmo".
E é por isso que eu amo...
Tua alma poeta
Que iluminada
Vê a vida
Pelas lentes
e reflexos
da consciência
de uma realidade
inconsciente...
Beijos