31 de janeiro de 2010
Antes de mais nada, meu profundo agradecimento e prazer de estar aqui, na frente de vocês, tendo mais esta oportunidade de dizer-lhes o que penso.
Um ano atrás estive aqui anunciando que me aposentaria .. pois bem - esse é o fato - estou indo.
Diferentemente de vocês precisei de 36 anos para me formar ... sair da Fabico onde ingressei em 1974 via vestibular.
Amadas alunas, amados alunos,
Caro amigo Ricardo Schneiders - Diretor da Fabico
Professores, funcionários e curiosos.
Mesmo que desejassem - estar neste momento, na beira da praia, na piscina ou no conforto de seus ares condicionados - estão presentes.
Muito agradecido ...
Por algum motivo, aqui estão.
- pelo amor à algum destes entunicados que inicia mais uma etapa de sua vida ...
- pelo cumprimento do dever ...
- por uma obrigação familiar ...
- por uma obrigação social ...
- por laços afetivos ...
- pelo simples gosto pela pompa e solenidade ...
Eu - estou aqui a convite e isso muito me honra.
Talvez, este convite, traduza um reconhecimento, uma gratidão ou a retribuição por alguma coisa ...
Eu prefiro acreditar que estamos ingressando na grande Net-Love e, dessa forma, na categoria dos amores imortais.
Hoje .. não há necessidade de bater na tecla do compromisso ético com o profissional, social, político e humano.
Já falamos muito disso.
Vou dedicar minhas atenções a um único tema que, entendo, ser da maior importância e relevância.
Trata da loucura
Em determinado momento, para fazermos parte do seleto e árido clube dos adultos, abandonamos a intuição.
Buscamos a supremacia da razão ...
Ouvíamos de nossos orientadores, nossos mestres compulsórios, nossos pais: "Isso é coisa de criança"
Não queríamos mais ter os limites das crianças, queríamos sim fazer parte daqueles papos enfadonhos, que mesmo sem entende-los achávamos que deveriam ser o máximo.
Sabotamos de vez nossa intuição e passamos a acreditar que os sentidos humanos são apenas cinco.
Alguns, mais rebeldes e sensíveis, para sobreviver tornaram-se artistas.
E mesmo assim ... muitos não sobreviveram ...
Sucumbiram à dúvida, foram rechaçados, banidos, expurgados, queimados em fogueiras, crucificados, esquartejados .. barrados no baile - marginalizados.
Outros tantos - muitos mesmo - se massificaram na tentativa de serem socialmente viáveis.
Perderam o contato direto com sua loucura substancial.
Abriram mão da identidade essencial.
Sem nos darmos conta ...
- Ajustamos nossos corpos aos ditames da moda que, ora nos faz gordos, ora nos faz baixos, ora altos ou muito magros.
- Ajustamos nosso paladar aos ditames dos nutricionistas que - ora condenam o ovo - ora o proclamam.
- Ajustamos nossos amores à moça ou rapaz de boa família, de posses, com futuro ...
- Ajustamos nossas amizades a círculos de interesse ...
Nos ajustamos .... queremos ser aceitos e amados.
Nascemos e vivemos num planeta minúsculo que chamamos de Terra.
Esse planeta apresenta, em sua superfície, mais água do que terra, mas mesmo assim o chamamos de Terra.
Este planeta - a Terra - tem suas regras e possibilidades – as que chamamos de leis da natureza.
São leis complexas determinadas pelo grau de densidade da matéria manifesta, somadas a total dependência do equilíbrio do sistema Solar, intimamente dependente do comportamento da Via Láctea que se mantém em consonância com as "Leis do Universo".
Chamamos a galáxia de Via Láctea porque somos mamíferos e temos o leite como uma fonte sublime de alimento.
Fazemos isso porque entendemos que somos a raça que domina a tecnologia, as artes, as guerras e pretensamente (há controvérsias) gerenciamos os recursos naturais.
Pela prática desse gerenciamento, nos damos o direito de alterar e, por vezes, acabar com fontes naturais, escravizar animais para nosso próprio sustento e deleite, reivindicar a posse da terra e sentir-nos mais importantes de que tudo.
Isso pode parecer loucura.
O que acontece é que, essa forma de acreditar, constitui a razão humana - ou seja - a loucura oficial.
Essa loucura, baseada num esquizofrênico entendimento de supremacia, quando ameaçada - combate até a morte qualquer forma de pensar que a desestabilize.
Cartéis religiosos, econômicos e políticos se ergueram dessa forma e lutam para garantir a manutenção dessa lucrativa mediocridade.
Nos meus 57 anos de vida tive a oportunidade de ser chamado de louco - muita vezes.
E aprendi que é "loucura" - tentar provar o contrário.
Dessa forma tratei de ser um louco de respeito .. acho que não consegui.
Se é difícil para a humanidade aceitar diferenças básicas como etnias, crenças, valores, religiões, formas de buscar prazer ..
Por que - eu - conseguiria tamanha proeza?
Quanto menos consciência,
Verdade ou mentira dependem - sempre,
E para preservar a "verdade" - mentimos, enganamos, escondemos fatos e manipulamos.
No intuito de nos preservarem e protegerem, nossos pais mentiram pra nós e os pais deles fizeram a mesma coisa e assim por diante.
Tenho certeza de que entendem porque chamo isso de esquizofrênico.
O dinheiro dos bancos é dos clientes.
Os bancos são ricos sempre.
Os clientes nem sempre.
Na maior parte das vezes não.
E se discordamos dessa dinâmica desastrosa, perderemos pseudo-regalias e poderemos ser encaminhados para um manicômio.
"O tema manicômio é um capitulo a parte e aconselho que leiam a "História da Loucura" de Michel Foucault."
A humanidade evolui em massa, quem puxa, porém, são aqueles que ousam, inovam, arriscam, se aventuram e muitos desses desaparecem ou entram para a história como desajustados.
Pactuamos com a avaliação de critérios globais, muitos destes, absurdos e promovem a dor e o sofrimento.
Em compensação o sofrimento e a dor são premiados.
Tememos o amor e a felicidade.
Até porque - ao nos ajustar com os ditames da loucura oficial entendemos não sermos merecedores.
Estamos experimentado, conforme anunciado, a saída da era de Peixes e o ingresso na era de Aquário.
O movimento Hippie - o consagrou e - a partir dai, se deu um impulso maior aos cuidados humanitários.
Medicina Ayurvédica, acupuntura, naturismo, amor livre, questionamento das fronteiras políticas, cuidados ambientais, a busca pelo sagrado (sem igrejas - numa conexão direta com o divino - Cristo pregava isso), yoga .. etc ..
Tudo isso com uma boa dose de Sexo, Drogas e Rock and Roll.
Paz e amor - slogan imbatível e incontestável.
Pagamos caro mas a humanidade ganhou em luz.
Os Maias prenunciaram o fim do mundo em 2012
Já presenciei outros fins-de-mundo.
... pra mim nunca acabou ...
Dizem o sábios astrólogos que - desta vez - se trata de uma mudança profunda - provocada pelo aumento abrupto da consciência, justificado por algumas configurações planetárias e cósmicas.
Esse fenômeno, por sua vez poderia desestabilizar crenças e conceitos dogmatizados e consagrados.
Isso desestabilizaria crenças e valores norteadores das condutas e comportamentos preconizados.
Sabe-se lá.
Particularmente acho que a adoração ao fim-do-mundo é a busca da indolência e do fim das responsabilidades humanas.
É apenas um bom argumento para jogar a toalha.
Sem mais me alongar - pois estamos no campo do intangível, imponderável, sujeitos a uma avalanche de variáveis sem precedente.
Assunto, aliás, muito difícil de tratar, pois criamos visões relativas onde os universos individuais criam realidades independentes.
Mesmo assim, a busca pela verdade - por mais que doa - é incansável.
Verdades absolutas são maiores que nosso entendimento.
E, usando do o direito “paranifático” de aconselhar:
- Cultuem e questionem suas próprias verdades.
- Não tenham vergonha de mudar de idéia.
- Não temam quando forem criticados pela autenticidade.
- Não se prostituam espiritualmente.
- Acreditem na prosperidade - não pode ser apenas financeira - trata-se da integralidade humana.
- Sejam inteiros, atentos - errem, mas não vacilem.
- Fiquem conectados, mas nunca aprisionados.
Segundo um ditado Tolteca ..
Pois bem caríssimos .. uma bela jornada os aguarda.
Espero do fundo de meu coração que, a passagem por esta casa tenha lhes tirado o sono,
É o diferencial competitivo que faz a real diferença.
O jogo tem regras, são regras simples, algumas burras outras perversas, mas .. não é difícil.
Sonhem, construam e materializem essa visão, planejem .. sejam estratégicos .. não percam o foco.
- Mudem seus sonhos sempre que sonharem algo melhor, maior.
- Não desistam por medo ou por vislumbrarem dificuldades.
- Aceitem os desafios .. sempre que eles se justificarem.
Prestem atenção na sabedoria popular e seus ditames.
Tem um que eu gosto muito - é um Provérbio Japonês – trata da atenção - diz assim:
"A gente tropeça sempre nas pequenas pedras, porque as grandes a gente logo enxerga."
Obrigado pelo carinho, pelo respeito, pela paciência, por me ouvirem, por me ensinarem, por fazerem parte da minha Net-Love.
Contem sempre comigo
Beijo na alma.
4 comentários:
Eh Professor Paraninfo... você virou de costas para o fotógrafo porquê ?
abraços,
daniEu
Lindo texto .. feliz por mais uma vez teres sido paraninfo ..um reconhecimento ao que sempre transmitistes aos alunos .
beijos
enoí
lindo texto para ser falado, ouvido e até gritado!
beijo, adri.
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